Este trabalho foi apresentado como requisito parcial para obtenção de notas na disciplina Projeto Integrador.
Cavaleiros
Templários: Condenados Pela Ambição Perdoados Pela Consciência.
Resumo:
O
presente trabalho, apesar de não conter um conteúdo inovador sobre seu
respectivo tema tem como objetivo principal, fazer uma releitura de ícones
consagrados da Idade Média os Cavaleiros Templários. E demonstrar que este
período não é o que os Renascentistas disseram “A Idade das Trevas” mais muito
pelo contrário, quero demonstrar através de fatos que foi na Idade Média que
surge o fundamento dos bancos como os conhecemos hoje. E mostrar que eles foram
condenados em vão.
Palavras-chave: Idade
Média, Cavaleiros Templários, Cruzadas, Igreja, Pergaminho de Chinon.
Introdução
Os
Cavaleiros templários: Condenados Pela Ambição & Perdoados Pela Consciência
visa fazer uma releitura sobre um tema importante, os Cavaleiros Templários e
os seus objetivos. Abordando desde uma situação na Idade Média, a fundação da
ordem e o perdão dado pelo papa Clemente V em 1308.
Fundada em 1118 em Jerusalém a ordem
do Templo só viria a ser reconhecida pela Igreja em 1129 em um concílio
convocado para essa decisão. Os Cavaleiros tinham uma formação monástica e
também militar o que lhes conferia o título de monges guerreiros.
Mesmo com seus votos de pobreza e
castidade, isso não impediria que a ordem ao longo de sua História conquistasse
muitos bens e terras para a salvação da alma dos doadores e é claro para a
manutenção da Guerra Santa. Adquiriria também inimigos ao longo do tempo que
apenas iria querer nada mais que as riquezas que a ordem havia conquistado e
por meio de mentiras fazer com que ela fosse condenada e excomungada.
A Ordem dos Cavaleiros Templários
foi condenada por meio da bula papal “Vox in Excelso” como culpada pela derrota
nas cruzadas e considerada como herege.
Por meio de pesquisas recentes a pesquisadora Barbara Frale em seu livro
Os Templários e o Pergaminho de Chinon Encontrado nos Arquivos Secretos do
Vaticano demonstram que o papa Clemente V absorvera secretamente o último
grão-mestre dos Templários.
Nesse contexto este trabalho
pretende aliar novas leituras, as quais possam elucidar o tema eleito para
estudo, levantando considerações de pesquisadores conceituados nesta área como
Michael Haag e Barbara Frale. Analisando assim a importância dos Cavaleiros em
seus vários segmentos temporais.
Existem vários enigmas envolvendo a
Ordem dos Templários, o que faz com que seja necessário certo cuidado ao lidar
com o tema. Ainda mais que, gira em torno dos Templários algumas lendas é
necessário um senso critico aguçado para que se possa fazer as escolhas certas
quanto ao que é verdadeiro e ao que parece.
1
Idade Média
Quando
falamos em Idade Média, é, de certa forma quase impossível esquecer-se das
depreciações concedidas a este período. A primeira e mais importante que cabe
uma retomada é a ideia de que o período Medieval nada acrescentou às nossas
sociedades. Mais é necessário, vale lembrar que o antigo (e se me permite
ultrapassado) conceito de “Idade das Trevas”, é um conceito dado pelos
Renascentistas: segundo eles o fanatismo religioso presente neste período
representou o retardamento da ciência, dado que a Igreja detinha o poder.
Há,
no entanto quem acredite que esse período realmente nada acrescentou à ciência
no entanto cabe ressaltar que se não fosse os mosteiros nada da História teria
se salvo, dado que muitas obras foram queimadas durante esse período devido aos
ataques sarracenos.
Um período longo e ao mesmo tempo
responsável por grandes feitos que perduram até hoje. A Idade Média marca o
surgimento das primeiras Universidades (Universidade de Karueein-889)
e a fundação dos primeiros bancos, este sendo o resultado do aparecimento dos
Templários, uma ordem militar que foi fundada em 1119 e teve seu fim no dia 18
de março de 1318.
Este período teve início com a queda
do Império Romano (476) e teve seu
fim com a queda de Constantinopla (1453).
O Império Romano do Ocidente constituía a metade ocidental do Império Romano,
acredita-se que ele terminou com a abdicação de Rômulo Augusto em 4 de setembro
de 476, forçada pelo chefe germânico
Odoacro. Por conseguinte a queda de Constantinopla deu-se pela conquista da
capital bizantina pelo Império Otomano sob o comando do Sultão Maomé I.
Durante toda a Idade Média
predominou a suserania e a vassalagem, onde o suserano era quem dava um pedaço
de terra ao vassalo e este último era responsável por ajudar no cultivo das
terras do Senhor Feudal (Feudo- Terra) e ainda pagar impostos tanto à Igreja
quanto ao dono da terra. O vassalo não era escravo, no sentido literal que a
palavra agrega, mas, no entanto era preso ao feudo. E nem era dono da terra que
lhe foi concedida, pois ele pagava por ela durante toda
sua vida para que ela permanecesse sob controle de sua Família
(Hereditariedade).
2 Fundação da ordem:
Sobre
a fundação da Ordem dos Templários PASCHOAL (2006) diz:
A
Ordem Religiosa e Militar dos Templários foi fundada no natal de 1119 por Hugo
de Payns e outros oito cavaleiros, com a intenção de proteger os peregrinos em
visita à Terra Santa. Mas o que poderia ser à primeira vista tarefa comum de um
grupo que durante vários anos não admitiu nenhum companheiro, viria a se
desdobrar em uma poderosa ordem de monges-guerreiros que escreveria uma tão
dramática quanto misteriosa história.(PASCHOAL, 2006, p. 11)
A ordem dos Templários foi fundada
primordialmente com o desejo de proteger os peregrinos que caminhavam em
direção a Terra Santa(nome pelo qual os cristãos denominavam a Palestina),
estes iam em busca de visitar os locais por onde Jesus passou. No entanto, esse
caminho estava sujeito a ataques de sequestradores, estupradores e ladrões. Por
ser um local desértico os malfeitores ficavam escondidos nas cavernas esperando
as caravanas que partiam em direção à Jerusalém para os atacarem roubarem e em
alguns casos escravizá-los.
Depois de tantos problemas e da
invasão dos muçulmanos nos locais Santos. O papa Urbano II (1088-1099) convocou
um grande número de fiéis para lutarem pela causa. Muitos camponeses também
entraram nessa batalha (cruzadas)
buscando reconhecimento espiritual e recompensas da Igreja, contudo essa
primeira batalha fracassou e muitos perderam suas vidas.
Cabe ressaltar que a ordem dos
pobres Cavaleiros de Cristo, só viria a ser criada após a primeira Cruzada.
Esta ordem estava impregnada dos ideais e das convicções dos cavaleiros de
Borgonha.
No entanto a ideia de uma guerra
Santa para purificação dos locais Sagrados não agradou a todos. Como foi o caso
do Prior da
Grande Cartuxa que escreveria ao primeiro Grão-mestre dos Templários Hugo de
Payns.
Façamos,
antes de mais nada, a nossa própria conquista, amigos muito caros, poderemos em
seguida combater com segurança os nosso inimigos de fora. Purifiquemos as
nossas almas dos seus vícios, e poderemos depois purgar a terra dos bárbaros (...).
Porque não é contra adversários de carne e sangue que temos que lutar, mas
contra os principados, os poderes, contra os que governam este mundo de trevas,
contras os espíritos do mal que habitam os espaços celestes, isto é, e os seus
instigadores, os demônios. (PASCHOAL, 2006, p. 95)
O prior da Grande Cartuxa, afirma
que antes de tentarmos fazer uma guerra Santa primeiramente temos que nos
purificar de nossos vícios, pois, só conseguiremos mudar os outros depois que
nos mudarmos. Nesse contexto, vale lembrar que alguns peregrinos iam em direção
a Terra Santa não tão somente para visitar os lugares Sagrados mais algumas
vezes iam em busca do tão sonhado martírio e da salvação de suas almas.
A aprovação papal só viria a ser
conseguida em 1128(1129) um concílio foi convocado para discutir a aprovação da
ordem. Bernardo de Clairvaux teve grande influência para que a Santa Sé
aceitasse a fundação da ordem militar religiosa que ficaria sob domínio do
papa, três bulas papais confirmam a existência da ordem do Templo: Omne Datum
Optimum de 1139, Milites Templi de 1144 e a Milita Dei de 1145.
Apesar dos votos de pobreza os
Templários ao longo dos seus quase dois séculos de existência adquiriram muitos
castelos, terras, dinheiro e inimigos também.
3 As Cruzadas
As cruzadas foram tropas ocidentais enviadas à Palestina para
recuperarem a liberdade de acesso dos cristãos à Jerusalém. A guerra pela Terra
Santa, que durou do século XI ao XIV, foi iniciada logo após o domínio dos
turcos seljúcidas sobre esta região considerada sagrada para os cristãos. Após
domínio da região, os turcos passaram impedir ferozmente a peregrinação dos
europeus, através da captura e do assassinato de muitos peregrinos que
visitavam o local unicamente pela fé.
Em 1095 o papa Urbano II em
detrimento da força de vontade de recuperar a Terra Santa para as mãos cristãs.
Ao fim do Concílio de Clermont, em 27 de novembro, ele faz um apelo a todos ali
presentes para que se unissem nesse esforço para libertarem Jerusalém da mão
dos Muçulmanos. Segundo READ (2001).
Ele narrou os reveses dos cristãos bizantinos
no Oriente contra os Turcos; descreveu os problemas que peregrinos encontravam
no caminho á Terra Santa; exortou a todos que parassem de lutar entre si em
prol de um esforço unificado contra os inimigos de Cristo e, por fim, prometeu
o perdão dos pecados daqueles que se empenhassem nessa causa justa e “tomassem
a cruz”. (READ, 2001, p.111).
Após
pregar uma guerra Santa em um discurso em campo aberto, o papa Urbano II foi
aclamado com gritos de Deus Le Volt (Deus o quer) assim como também ficou
conhecido o discurso. Usando-se de toda a autoridade papal ele afirma que quem
tomar a sua cruz, e carregá-la bravamente terá seu lugar junto a Cristo no céu.
Para isso, no entanto era necessário lutar e morrer bravamente.
O nome cruzado refere-se à cruz.
Marcado com a cruz é o manto com o qual os cavaleiros se cobriam. Um manto
branco com a cruz vermelha estampada representando a disposição para morrer
pela Igreja e em nome de Cristo. O manto branco marca a passagem de uma vida
cheia de pecados para uma vida de pureza, onde o pecado já não faz mais morada!
Os cavaleiros eram um grupo seleto na maioria das vezes grandes senhores, pois
era necessário dinheiro para financiar as guerras, sendo que era necessário
armaduras, espadas, cavalos. De acordo com a Regra Templária
(conhecida também como Regra Latina) que
era composta por 72 clausulas. Sobre esta regra HAAG(2009) explica:
A
regra Latina de Bernardo exigia que os Templários renunciassem a seus desejos,
menosprezassem os bens materiais e não temessem a luta, mas estivessem sempre
preparados para morrer e receber a coroa da salvação e da vida eterna. Os
cavaleiros deveriam vestir-se de branco, simbolizando que haviam deixado para
trás uma vida de pecados pelo estado de perpétua castidade. Os cabelos tinham
de ser cortados curtos, mas todos os cavaleiros Templários usavam barba como se
não fosse permitido cortá-la. Linguagem chula e demonstrações de raiva estavam
proibidas, bem como reminiscências de conquistas sexuais do passado.
Propriedades, conversas informais com pessoas de fora, ganhar presente ou
receber e enviar cartas era antes submetido ao mestre. A disciplina era
controlada por um sistema de penalidades que previa, em casos extremos, a expulsão.
(HAAG, 2009, p.110).
Em todos estes aspectos os
Templários se comportavam como monges, Bernardo, no entanto não oferecia
orientações militares, talvez pela falta de prática. Para que os Templários
exercessem suas funções eles necessitavam de terras, edifícios servos e
contribuições, e tinham direito à proteção legal contra o que a Regra Latina
chamava de os inimigos perseguidores da santa igreja.
4 Declínio e perdão
É claro que no decorrer dos tempos
os Templários iriam adquirir inimigos, devido às grandes e várias doações de
terras. Felipe, o Belo desde de 1285 pretendia se apoderar das riquezas dos
cavaleiros com a finalidade de custear sua guerra com a Inglaterra. Através de
acusações falsas, que demonstravam em tudo a ambição pelos bens que os
templários possuíam Felipe, o Belo fez com que uma investigação fosse levantada
contra os Templários e que todos eles fossem submetidos a um interrogatório. De
fato os Templários foram acusados de heresia e através de tortura admitiram
coisas que não eram praticadas dentro da ordem.
Quanto aos Templários serem uma
ameaça para o rei Felipa o Belo não há nenhuma evidência disso e parece
bastante improvável, sendo que eles não pertenciam a nenhuma facção e não
queriam prejudicar ninguém apenas proteger os peregrinos que estavam a caminho
da Terra Santa. Além do mais eles raramente andavam armados. Não obstante os
problemas começariam a aumentar após a eleição do papa Clemente V em 1305,
eleito por intervenção de Felipe, o Belo, que estava interessado que ele
tirasse a excomunhão dada a família real pelo papa Bento XI. A perseguição só
começaria em 1307 quando Felipe, o Belo os acusaria formalmente de hereges.
Sobre as prisões HAAG (2009):
Em
14 de setembro de 1307 foi dada a ordem para que as prisões fossem feitas na
manhã do mês seguinte, 13 de outubro, mas isso já vinha sendo preparado há um
ano. Os espiões do governo françês infiltraram-se entre os Templários para
vasculhar sua rotina interna e recolher qualquer coisa que os incriminasse.
(HAAG, 2009, p. 250).
No dia 13 de outubro, vários
cavaleiros foram presos por toda a Europoa por agentes do rei Felipe, o Belo, e
confessaram heresia e outros crimes como disse acima através de tortura.
Em 1312, o papa Clemente v extingue
a ordem por meio da bula “Vox in Excelso” condenando-a como culpada, como
responsável pela derrota nas cruzadas, e considerando-a como herege.Com isso
retirava também a sua proteção e o seu estatuto eclesiástico, excomungando a
mesma em 22 de março por pressões de Felipe, o Belo.
Em 1314 o último grão-mestre,
Jacques de Molay é queimado vivo na fogueira em Paris no dia 18 de março. Mais
tudo não terminaria assim dessa forma, nos últimos momentos antes de ser
queimado Jacques de Molay pede aos carrascos que afrouxem as cordas que
amarravam as suas mãos para que ele pudesse olhar para a Catedral de Notre-Dame
e rezar à Virgem Maria a quem São Bernardo havia dedicado a ordem. Os
templários diziam que como tudo teve início com a Virgem Maria com ela também
teria o seu fim. FRALE (2007) diz:
A
multidão presente agitou-se e para acender a fogueira foi necessário esperar
que parte da mesma fosse dispersada. Segundo o testemunho do poeta Geofroy de
Paris, que provavelmente assistiu em pessoa a execução, Jacques de Molay teria
chamado diante do tribunal de Deus tanto o rei da França(que o havia traído)
quanto o papa (que o havia abandonado). Clemente V morreu no dia 20 de abril
seguinte, pouco mais de um mês depois da fogueira[...] (FRALE, 2007, p. 157)
De certo modo o fato de Jacques de
Molay ter intimado tanto o papa Clemente V quanto o rei da França Felipe, o
Belo. Serviu para que varas lendas fossem levantadas acima de tal ato. Tal qual
a principal é que ele se entrega com total segurança para que os presentes
pudessem ter a certeza de que os Templários não eram culpados e que mereciam o
perdão.
No verão de 1308 o papa Clemente V
absolveu Jacques de Molay e outros líderes Templários que estavam presos em
Chinon, duvidava-se disso até que foi encontrado em 2001 no Arquivo Secreto
Vaticano o Pergaminho de Chinon e publicado em 2007.
Sobre os objetivos do papa Clemente
com suas investigações FRALE (2007) explica:
Com
a investigação de Chinon, Clemente V pretendia, talvez, devolver a Felipe, o
Belo, o tiro pela culatra dado no ano anterior quando ele, ás vésperas de
retornar das férias e de instruir a investigação da Igreja sobre os Templários,
havia ouvido de um mensageiro que os seus imputados já tinham sido capturados,
interrogados e declarados culpados. (FRALE, 2007, p. 149).
Em agosto de 1309 o papa Clemente V
vendo que estava pressionado e escolhendo o que segundo ele era o mal menor
sacrifica a existência da Ordem Templária para salvar a unidade da Igreja. O fim
da ordem estava então decretado.
Considerações Finais
Há
muitas lendas que giram em torno desses Cavaleiros, e o que se sabe sobre eles
na maioria das vezes é baseado em mitos e lendas ou em algumas vezes por
suposições. As maiores lendas giram em torno do Santo Graal que seria o Cálice
que Cristo celebrou a Última Ceia com os apóstolos e o Sudário de Turim que é o
tecido que envolveu Cristo no sepulcro. Estas são lendas que acompanham a ordem
desde sua fundação.
Mesmo nos dias atuais não faltam
associações que se intitulem verdadeiras descendentes da Ordem dos Templários.
Ainda temos em nossa sociedade um exemplo vivo da sua influência é o caso do
sistema bancário como o conhecemos hoje. Além de guerrear e proteger a Terra
Santa os Templários acabaram por desenvolver outras atividades.
A História não deve ser apenas a
gravação de dados e datas mais deve na melhor das hipóteses transmitir aquilo
que poucos ouviram ou descobrir os fatos que ainda não foram ditos. Afinal não
se deve andar pelo caminho traçado pois ele te leva apenas outros foram você
tem que ter a coragem de arriscar. A História é assim cheia de idas e vindas.
Referências:
PASCHOAL,Alfredo.
Templários História da Ordem dos Pobres
Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão. 1ed. São Paulo, SP:
Madras,2006. 399p.
FRALE,
Barbara. Os Templários e o Pergaminho de
Chinon Encontrado nos Arquivos Secretos do Vaticano. 2 ed. São Paulo, SP:
Madras, 2007. 183p.
FANTHORPE,
Lionel e Patrícia. Os Mistérios do
Tesouro dos Templários e do Santo Graal os Segredos de Rennes-Lê-Château. 1ed.
São Paulo, SP: Madras, 2006. 320p.
HAAG,
Michael. Os Templários História e Mito. São
Paulo, SP. Prumo, 2009. 430p.